sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

MEIO AMBIENTE - Dom Arthur Molina


PETRÓLEO DO PRÉ-SAL E OS RISCOS AMBIENTAIS
A natureza é sábia. Todas as vezes que produziu mais matéria orgânica do que oxigênio ela tratou de enterrar, literalmente, o excesso de carbono. Isto ocorreu de modo mais amplo no Carbonífero, quando as árvores de grande porte, foram retiradas do meio ambiente por soterramento, e deu origem às grandes jazidas de carvão mineral no mundo inteiro. Mais recentemente, no Mesozóico, os micro-organismos, que eram trazidos pelos rios, foram soterrados na plataforma marinha, em frente à foz destes rios. Daí surgiu o petróleo.
Apenas há 10.000 o homem descobriu que se colocasse uma semente num buraco e a cobrisse de terra, ela iria germinar. E aí, ele passou a ter uma vida menos nômade, já que poderia produzir seu próprio sustento. Acontece que o homem começou a produzir mais do que precisava, para atender suas necessidades e passou a estocar comida. Começaram as guerras para tomar os alimentos guardados ou ocupar as terras férteis.
Esta fase de grande desenvolvimento econômico se concretizou por causa de duas invenções: a máquina a vapor e a fabricação do aço. A utilização de bombas hidráulicas permitiu rebaixar o lençol freático para exploração de jazidas de carvão e ferro em profundidade.
Paulatinamente, foram surgindo novas indústrias e produtos, que caíram no gosto da população mundial porque facilitava a vida em casa, através dos eletrodomésticos, e de transporte, com os veículos. Para estes últimos era necessário também fabricar o combustível fóssil, que poderia ser transformado também em energia elétrica, cuja demanda era crescente. Começou então a exploração das jazidas de petróleo. Primeiro em terra, depois, também, no mar.
Hoje, que os abonados não abrem mão de ter seu transporte individual e nem do conforto que a energia elétrica lhes proporciona, é muito difícil reduzir o consumo de combustíveis fósseis como fonte de energia.
Infelizmente, as fontes alternativas de energias renováveis ainda são quase sempre antieconômicas tendo de fazer parte de uma matriz energética que as mais baratas vão financiando as mais caras, até que estas consigam reduzir o custo, na economia de mercado.
Portanto, o petróleo, o gás e o carvão ainda serão, por dezenas de anos, fontes de energia mais baratas.
Países como o Brasil que despontam com grandes reservas de petróleo têm de explorar agora suas riquezas minerais enquanto a demanda aumenta e os preços estão elevados. Quanto mais profundas as explorações do petróleo maiores são os investimentos e custos, por isso a margem de erro devem ser as mais estreitas possíveis.
Em áreas de grandes potencialidades e de altíssimos investimentos tudo deve ser bem planejado, mesmo ponto de vista ambiental, pois um desastre ecológico poderia inviabilizar um empreendimento. Antes da exploração são levantados todos os dados do campo de petróleo a ser explorado, como fauna e flora, qualidade das águas, para servir de base de comparação, caso os trabalhos de extração modifiquem as condições ambientais, para sugerir redirecionamento dos trabalhos em termos de técnicas de lavra de petróleo menos poluentes.
Em engenharia as soluções vão surgindo à medida que aparecem os problemas, sendo, pois, possível, explorações profundas com baixos riscos ambientais. Já se falou demais sobre a exploração do petróleo do pré-sal e quando se generaliza um tema, aumenta a margem de interpretações errôneas criando expectativas de transtornos ambientais que não existem, como geração de onda gigantes, e que são avaliados durante todo o processo de implantação. Uma hora vai ser a redenção do país, outra hora torna-se o vilão poluidor.
Ele somente será importante para equidade social, se o imposto e parte dos lucros forem distribuídos no país para pagar a conta do subdesenvolvimento dos estados mais pobres. Por outro lado já se disse que o petróleo do pré-sal tem três vezes mais gás carbônico que o petróleo do pós-sal. Ora o que o petróleo tem para geração de energia é apenas o carbono, que cada átomo reage com uma molécula de oxigênio, na queima, formando uma molécula de CO2. Este gás em presença da água, no processo de fotossíntese, produzido pelas plantas e micro-organismos, tem o carbono fixado por eles e o oxigênio liberado para a atmosfera.
Ao invés de enterrar o excesso carbono como a natureza a fez no caso do carvão e do petróleo, podemos transformá-lo em biomassa, como cana de açúcar para gerar mais energia.
Basta apenas vontade política com apoio da ciência, para se ter um mundo mais equilibrado. Isto vale mais do que os brados irados dos extremistas, nem sempre bem intencionados, que não apontam soluções, mas são contra tudo e todos.

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